Explorando o papel da Cannabis no controle das convulsões em pacientes com Epilepsia

A interação entre os compostos da cannabis e os receptores do Sistema Endocannabinoide (SEC) desempenha um papel importante no controle das convulsões em pacientes com epilepsia, seja humano ou animal.
Vamos explorar como os fitocanabinoides, como o tetraidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), interagem com esses receptores, influenciando os mecanismos neurobiológicos envolvidos na patologia.
Fitocanabinoides e receptores do SEC:
Os fitocanabinoides presentes na cannabis interagem principalmente com os receptores canabinoides do tipo 1 (CB1) e do tipo 2 (CB2).
O CB1, encontrado predominantemente no sistema nervoso central, regula a liberação de neurotransmissores, afetando funções como memória, aprendizado, controle motor e sensação de dor.
Já o CB2, localizado predominantemente no sistema imunológico, modula a inflamação e a resposta imune do organismo.
Potencial Terapêutico dos Fitocanabinoides na Epilepsia:
Estudos têm investigado o potencial terapêutico dos fitocanabinoides no tratamento da epilepsia, especialmente em casos refratários aos tratamentos convencionais.
Dentre esses fitocanabinoides analisados está o CBD, que demonstra propriedades anticonvulsivantes e neuroprotetoras, devido sua interação com os receptores do SEC e outros sistemas neurotransmissores.
Mas o CBD não é o único fitocanabinoide terapêutico da cannabis para epilepsia, o THC e outros tem seu importante papel nas dosagens corretas mas isso é assunto para outro momento!
CBD no Controle de Convulsões:
O CBD tem sido amplamente estudado por suas propriedades anticonvulsivantes. Ele age principalmente nos receptores CB1 e CB2, além de outros canais, como o receptor de vaniloides TRPV1 e os receptores GPR55, envolvidos na regulação de crises epilépticas. O CBD pode inibir a hiperexcitabilidade neuronal, um fator chave nas convulsões.
Interação do THC e outros Canabinoides:
Embora o THC seja mais conhecido por seus efeitos psicoativos, ele também pode ajudar no controle das convulsões, especialmente em combinação com o CBD, atuando em dosagens específicas que maximizam os efeitos terapêuticos enquanto minimizam os efeitos adversos.
Mecanismos Neuroprotetores:
Além de regular a excitabilidade neuronal, a cannabis oferece benefícios neuroprotetores, como a modulação de inflamação e neurodegeneração, fatores cruciais para pacientes epilépticos. Pesquisas indicam que o equilíbrio entre CBD e THC pode regular respostas inflamatórias e melhorar a saúde neuronal.
Potencial para Epilepsia Refratária:
Em pacientes com epilepsia refratária, que não respondem a tratamentos convencionais, a combinação de fitocanabinoides, tem mostrado reduções significativas na frequência e intensidade das convulsões, sendo uma opção terapêutica promissora.
A Importância do Sistema Endocanabinoide:
O sistema endocanabinoide age diretamente na regulação da atividade sináptica e na inibição de circuitos neurais superexcitados, típicos em crises epilépticas. Os endocanabinoides anandamida e 2-AG são fundamentais nesse processo, sendo degradados por enzimas que podem ser moduladas por canabinoides externos.
Os endocanabinoides anandamida e 2-Arachidonoylglicerol (2-AG), produzidos naturalmente pelo organismo através de enzimas como a NAPE-PLD e as DAGL alfa/DAGL beta, desempenham um papel essencial na regulação da excitabilidade neuronal e na modulação das convulsões. A regulação dos níveis desses endocanabinoides é realizada pela FAAH e MAGL e também influencia a atividade neuronal e a ocorrência de convulsões.
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